O último erro

Armando Nogueira disse certa vez que “às vezes, zero a zero é nota”. Não foi o caso do jogo de ontem entre Argentina e Chile, pela final da Copa América. Ambos os times lutaram bravamente durante o tempo regulamentar e os 30 minutos da prorrogação, quando partiram para a disputa de pênaltis. Venceu quem cometeu o penúltimo erro.

Aos 28 minutos do primeiro tempo, foi expulso Dias, do Chile, após levar o segundo cartão amarelo. O Chile aguentou a pressão e se reestruturou. Pouco tempo depois, jogador da Argentina também foi expulso. Ambas as equipes terminaram o primeiro tempo com dez jogadores cada.

No segundo tempo, os ataques se sucederam, de lado a lado, com leve predominância da Argentina. Defesas espetaculares dos goleiros mantiveram o resultado, que de modo algum podia ser considerado nota pelo desempenho das equipes. Messi driblava, não fugia do confronto, tentando a lateral do campo, o meio, lançamento, sempre esbarrando na defesa obstinada dos chilenos.

Ao final do segundo tempo, as equipes desabaram no gramado, e tiveram seções de massagem antes de prosseguir para a prorrogação. Na prorrogação, contrariamente ao que acontece com frequência, quando as equipes levam o jogo em banho-maria, até os pênaltis, ambas atacaram, mesmo ao risco de levar gols.

Pênaltis. Na última final da Copa América, na qual as mesmas equipes se enfrentaram, o Chile havia vencido nos pênaltis por 4 a 1. A Argentina, como ressaltavam os comentadores, não vencia desde 1993.

Primeiro a chutar, o melhor do Chile, Arturo Vidal, perde o pênalti, que é defendido pelo goleiro. Messi é também o primeiro da Argentina. Corre para a bola, o goleiro vai no canto e… a bola vai para fora! Isolou, como se diz na gíria.

Agora, a cobrança alternada segue, e o goleiro Bravo – jogador do Barcelona, colega de Messi – defende a última cobrança. O jogador chileno não perde a oportunidade. O Chile é bicampeão! Grande jogo, com estádio lotado, bom futebol. Creio que o Brasil vai demorar para recuperar a supremacia que tinha até algum tempo atrás. É preciso trabalhar muito para superar o que se viu em campo na noite de 26 de junho.

Luiz Paulo Rouanet